segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

AÇÃO DA PRECE


Prece da Gratidão
Por Divaldo Franco
Fonte: Programa Transição do dia 24 de maio de 2009

Senhor, desejo dizer-Te da minha alegria e dar-Te o meu louvor
Quero dizer-Te que amo a vida, que para mim é bela e é consentida
Muito obrigado, Senhor, por tudo o que me deste, por tudo que me dás
Obrigado pelo ar, pelo pão, pela paz

Obrigado pela beleza que meus olhos vêem no altar da natureza
Olhos que fitam o céu, a terra e o mar
Que acompanham a ave ligeira que voa falheira pelo céu de anil
E se detém na terra verde, salpicada de flores em tonalidades mil
Muito obrigado, Senhor, porque posso ver o meu amor
Mas diante da minha visão eu detecto os cegos
Que se atormentam na escuridão, que se debatem na solidão, que sofrem na multidão
Por eles eu oro e te imploro comiseração
Porque eu sei que depois desta vida, na outra lida
Eles também enxergarão

Muito obrigado pelos ouvidos meus, que me foram dados por Deus
Ouvidos que ouvem o murmurar da chuva no telheiro
A melodia do vento nos ramos do salgueiro
Ouvidos que ouvem a música do povo que desce do morro na praça a cantar
E a melodia dos imortais, que a gente ouve uma vez e não esquece nunca mais
Diante da minha audição, pelos surdos eu formulo uma oração
Porque eu sei que depois desta dor, no Teu Reino de Amor
Eles também escutarão

Muito obrigado pela minha voz, mas pela sua voz
Pela voz que ama, que canta, que legisla, que alfabetiza, que trauteia uma canção
Pela voz que o Teu nome murmura com dúlcida emoção
Diante da minha melodia, deixa-me rogar pelos que sofrem de afazia
Eles não cantam de noite, eles não falam de dia
Oro por eles porque eu sei que depois desta prova, na Vida Nova
Eles também cantarão

Muito obrigado, Senhor, pelas minhas mãos
Mãos que aram, mão que semeiam, mãos que agasalham
Mão de ternura, que libertam da amargura
Mãos que apertam mãos, mãos dos adeuses
Mãos de sinfonias, de psicografias
Mãos de cirurgias, mãos de poesias
Mãos que atendem a velhice, a dor, o desamor
Mãos que no seio embalam o corpo de um filho alheio, sem receio

E pelos pés que me levam a andar, sem reclamar
Muito obrigado, Senhor, porque eu posso andar
Diante do meu corpo perfeito, eu Te quero louvar
Porque eu vejo na Terra aleijados, amputados
Marcados, paralisados, que não se podem movimentar
Eu oro por eles porque eu sei
Que depois desta expiação, na outra reencarnação
Eles também caminharão

Muito obrigado, por fim, pelo meu lar
É tão maravilhoso ter um lar!
Não importante se este lar é uma mansão ou é uma tapera
Um bangalô, uma casa do caminho, seja lá o que for
Mas que dentro dele exista a figura do amor
Amor de mãe ou de pai
De mulher ou de marido
De filho ou de irmão
A companhia de alguém que nos dê a mão
Pelo menos a presença de um cão
Porque não pode haver nada pior do que a solidão

Mas se eu a ninguém tiver para me amar
Nem um teto para me agasalhar
Nem uma cama para repousar
Nem um lugar para me amparar
Nem assim reclamarei
Pelo contrário, direi: obrigado, Senhor, porque eu nasci
Porque um filho adotei por amor a Ti
Porque ainda tenho alegria de viver

Obrigado, Senhor!

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"Os pés conduzem o corpo, e a mente traça o caminho"