As pessoas acercaram-se do Mestre em silêncio. Ele penetrou-as com um dúlcido olhar como se as rasgassem interiormente com um punhal de luz.
Uma mulher aflita, então, pediu-lhe:
- Fala-nos do carma e da vida.
Após meditar um pouco, Ele abriu a boca e esclareceu:
- No processo da evolução, o Espírito mergulha na matéria a fim de adquirir experiências e alcançar a plenitude, sob a divina inspiração e pelo seu esforço pessoal.
O corpo, por essa razão, faz-se instrumento para que se cumpram as leis do dharma, ou justiça. Como decorrência, o uso das faculdades orgânicas, intelectuais e morais gera o karma e seus efeitos.
Como toda ação corresponde uma reação de igual vigor, conforme se atue, são estabelecidas, automaticamente, as consequências, felizes ou desventuradas, que se incorporam à economia da vida.
Quando ditosas, promovem o homem; se infelizes, propelem-no ao renascimento reeducativo, purificador.
Ninguém foge, por isso mesmo, às leis, nem às suas manifestações, tornando-se cada ser responsável pela sua marcha, no rumo do infinito.
Há uma tendência geral nas criaturas para a busca do prazer, dos gozos imediatos, surpreendendo-se e desequilibrando-se quando acoimadas pelas vicissitudes e adversidades. Todavia, somente o controle do pensamento, que se deve dirigir a Deus, e da conduta, que se deve pautar nas linhas dos deveres, oferecem resistências ao indivíduo para enfrentar, com a mesma harmonia interior, a alegria como o sofrimento.
A meditação faz-se-lhe uma necessidade impostergável, por ensejar o fortalecimento dos recursos morais responsáveis pela promoção espiritual.
Quem não medita para agir, sofre para reparar.
Somente no silêncio interior da meditação descobrem-se as nascentes da força vital, abrindo espaços para a inteligência manifestar suas superiores aptidões.
A árvore frondosa, visível, sustenta-se nas raízes que estão escondidas na terra, de onde retira os recursos para a sua manutenção e vida.
Das divinas forças ocultas e essenciais, extrai o homem tudo quanto lhe é indispensável para existir.
Assim, o mundo visível é a materialização daquele que é invisível.
O corpo é o veículo que favorece as conquistas dos valores expressivos para alcançar a Realidade Única, que é Deus.
O Karma de cada existência há de ser vivido com elevação, de modo a propiciar renascimentos cada vez mais ditosos, até o momento da libertação.
A dor não será resgatada apenas mediante a aflição, antes também em face da ação do amor, da iluminação íntima.
O bem é o antídoto poderoso do mal, o neutralizador eficiente que opera qualquer milagre de renovação para a paz.
A lei do Karma é a lei da Vida.
Do livro A um passo da imortalidade, psicografado por Divaldo Franco
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"Os pés conduzem o corpo, e a mente traça o caminho"