terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Imperfeições morais

Certo dia, um casal ao chegar do trabalho, encontrou algumas pessoas dentro de sua casa. Achando que eram ladrões, ficaram assustados. Mas um homem forte e saudável com corpo de halterofilista disse:


- Calma pessoal, nós somos velhos conhecidos e estamos em toda parte do mundo.


- Mas quem são vocês? Pergunta a mulher.


- Eu sou a PREGUIÇA responde o homem másculo. Estamos aqui para que vocês escolham um de nós para sair definitivamente da vida de vocês.


- Como você pode ser a preguiça se tem um corpo de atleta que vive malhando e praticando esportes? Indagou a mulher.


- A preguiça é forte como um touro e pesa toneladas nos ombros dos preguiçosos. Com ela ninguém pode chegar a ser um vencedor.


- Uma mulher curvada, com a pele muito enrugada que mais parecia uma bruxa disse:


- Eu meus filhos, sou a LUXÚRIA.


- Não é possível! Diz o homem. Você não pode atrair ninguém com esta feiúra.


- Não há feiúra para a luxúria filhos. Sou velha porque existo há muito tempo entre os homens. Sou capaz de destruir famílias inteiras, perverter crianças e trazer doenças para todos até a morte. Sou astuta, e posso me disfarçar na mais bela mulher ou homem que você já viu.


- Um mal cheiroso homem, vestindo uns maltrapilhos de roupas que mais parecia um mendigo disse:


- Eu sou a COBIÇA. Por mim muitos já mataram. Por mim muitos já abandonaram famílias e pátria. Sou tão antigo quanto a luxúria, mas eu não dependo dela para existir. Tenho essa aparência de mendigo porque por mais bem vestido que me apresente, por mais rico que pareça, com jóias, dinheiro e carros luxuosos, ainda assim, me verás desta forma. Porque a cobiça está tanto dentro do pobre quanto do rico.


- E eu sou a GULA! Disse uma lindíssima mulher, com o corpo escultural e cintura finíssima, seus contornos eram perfeitos, e tudo no corpo dela tinha harmonia de formas e movimentos.


Assustaram-se os donos da casa, e a mulher disse:


- Sempre imaginei que a gula fosse gorda!


- Isso é o que vocês pensam. Responde ela. Sou bela e atraente, porque se assim não fosse, seria muito fácil livrarem-se de mim. Minha natureza é delicada, normalmente sou discreta. Quem tem a mim não se apercebe. Mostro-me sempre disposta a ajudar àqueles que querem fazer regimes, mas na verdade faço tudo ir de maneira sutil. Destruo o prazer de viver e destruo a beleza do corpo. Também por mim muitas famílias destruíram-se em busca da luxúria.


- Sentado em uma cadeira, num canto da casa, um senhor também velho, mas com o semblante bastante sereno, com voz doce e movimento suave disse:


- Eu sou a IRA! Alguns me conhecem como cólera. Tenho muitos milênios também. Não sou homem nem mulher assim como meus companheiros que estão aqui.


- Ira? Parece mais um vovô que todos gostaríamos de ter, diz a dona da casa.


- E a grande maioria me tem, responde o vovô. Mato com crueldade. Provoco brigas horríveis que destroem cidades quando me aproximo. Sou capaz de eliminar qualquer sentimento diferente de mim. Posso estar em qualquer lugar, e penetrar nas mais protegidas casas. Pareço calmo e sereno para mostrar-lhes que a ira pode estar no... aparentemente manso. Posso também ficar contido no íntimo das pessoas, sem me manifestar, provocando úlceras, cânceres, e as mais temíveis doenças.


- Eu sou a INVEJA! Faço parte da história do homem desde a sua aparição. Diz uma jovem que ostentava uma coroa de ouro cravada de diamantes, usava braceletes de brilhantes e roupas de fino pano assemelhando-se a uma princesa rica e poderosa.


- Como inveja se és rica e bonita e parece ter tudo o que deseja? Disse a mulher da casa.


- Há os que são ricos; os que são poderosos; os que são famosos; e os que... não são nada disso. Mas eu estou entre todos. A inveja surge pelo que não se tem, e o que não se tem é a felicidade. Pois felicidade depende de amor, e isso é o que mais carecem na humanidade. Por causa de mim muita destruição já houve, mortes e sofrimento. Onde eu estou, está também a tristeza.


Enquanto os invasores se explicavam, um garoto que aparentava cerca de 5 a 6 anos, brincava pela casa. Sorridente e de aparência inocente, características das crianças. Sua face de delicados traços mostrava a plenitude da juventude. Olhos vívidos e enigmáticos parecia estar alheio aos acontecimentos. Quando foi indagado pelo dono da casa:


- E você garoto? O que faz junto a esses que parecem ser a personificação do mal?


- O garoto responde com um sorriso largo e olhar profundo:


- Eu sou o ORGULHO!


- Orgulho? Mas você é apenas uma criança, tão inocente quanto todas as outras.


O semblante do garoto tomou um ar de seriedade que assusta o casal, e então ele disse:


- O orgulho é como uma criança mesmo, mostra-se inocente e inofensivo. Mas não se enganem, sou tão destrutivo quanto todos aqui. Quer brincar comigo?


A preguiça interrompe a conversa e diz:


- Vocês devem escolher quem de nós sairá definitivamente de suas vidas. Queremos uma resposta.


O homem da casa responde:


- Por favor, dêem dez minutos para que possamos pensar.


O casal se dirige para seu quarto, e lá fazem várias considerações. Dez minutos depois retornam.


- Então? Pergunta a gula.


- Ante expectativa geral respondem: Queremos que o orgulho saia de nossas vidas.


O garoto olha com um olhar fulminante para o casal, pois queria continuar ali. Porém, respeitando a decisão, dirige-se para a saída.


Os outros, em silêncio, iam acompanhando o garoto, quando o homem da casa pergunta:


- Hei! Vocês vão embora também?


O menino, agora com ar severo e com a voz forte de um orador experiente, diz:


- Escolheram que o orgulho saísse de suas vidas, e fizeram a melhor escolha...


* Pois onde não há orgulho, não há preguiça, pois os preguiçosos são aqueles que se orgulham de nada fazer para viver, não percebendo que na verdade vegetam.
* Onde não há orgulho, não há luxúria, pois os luxuriosos têm orgulho de seus corpos e julgam-se merecedores de possuir os corpos de tantos quantos lhes convir, não percebendo que na verdade são objetos do instinto.
* Onde não há orgulho não há cobiça, pois os cobiçosos têm orgulho das migalhas que possuem, juntando tesouros na terra e invejando a felicidade alheia, não percebendo que na verdade são instrumentos do dinheiro.
* Onde não há orgulho não há gula, pois os gulosos se orgulham de suas condições, e jamais admitem que o são. Arrumam desculpas para justificar a gula, não percebendo que na verdade são marionetes dos desejos.
* Onde não há orgulho não há ira, pois os irosos se orgulham de não serem passíveis e jamais abaixam a cabeça diante de qualquer situação. São incapazes de permitir que a vida lhes proporcione lições de aprendizado, e se revoltam com facilidade com aqueles que, segundo o próprio julgamento, não são perfeitos, não percebendo que na verdade sua ira é resultado de suas próprias imperfeições.
* Onde não há orgulho não há inveja, pois os invejosos sentem o orgulho ferido ao verem o sucesso alheio, seja ele qual for. Precisam constantemente superar os demais nas conquistas. Não percebendo que na verdade são ferramentas da insegurança e da falta de amor à vida. Adeus!


Saíram todos sem olhar para traz. E ao baterem a porta, um fulminante raio de luz invadiu o recinto. E como haviam se livrado dessas imperfeições morais eles adquiriram condições de galgar a mundos melhores


"Desejar melhoras materiais, conforto e lazer não é condenado. O que se deve evitar é a inveja de quem já conquistou estas facilidades. Diga ao público que todos podemos e devemos buscar uma situação material estável, mas que isso não seja motivo de angústia e revolta.A vida não é só constituída de prazeres terrenos. Pelo contrário, a matéria não nos traz estabilidade, pois é cercada de bons e maus momentos.
O que precisamos é buscar o equilíbrio espiritual, e com isso, todo o restante nos será acrescentado, como disse Jesus. Pois estaremos abertos a novas conquistas, materiais e espirituais, e teremos condições de escolher os melhores caminhos que nos trarão o que almejamos".



Ver: A Lei e seus mandamentos





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"Os pés conduzem o corpo, e a mente traça o caminho"